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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Enganos

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"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados,    e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito

Restos de Carnaval

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Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu. No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Du

Bobo

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Conta-se que numa pequena cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado de pouca inteligência, que vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o bobo ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas - uma grande de 400 réis e outra menor, de 2000 réis. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos. Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos. "Eu sei" - respondeu o não tão tolo assim - "ela vale 5 vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda." Pode- se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa. A primeira: quem parece idiota, nem sempre é. Dito em forma de pergunta: Quais eram os verdadeiros tolos da história ? Outra : se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda. Mas a conclusão mais interess

Escolhas

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Dê uma boa olhada ao seu redor, e entenda que sua vida agora mesmo é o resultado de todas as suas escolhas no passado. Você gosta do que vê? Certamente você andou muito para chegar até aqui. Você sobreviveu e deu um jeito de estar onde está. Existem coisas que poderiam melhorar? Provavelmente. Existem lugares que você gostaria de conhecer, coisas que gostaria de fazer? Você consegue imaginar a sua vida sendo ainda melhor, ainda mais gratificante e emocionante do que é hoje? Então, como chegar lá? Do mesmo jeito que chegou até aqui: como resultado das escolhas que você faz. Existem escolhas, e escolhas. Geralmente prestamos muita atenção às grandes decisões: faculdade, casamento, a primeira casa ou apartamento. Mas.. freqüentemente as decisões mais poderosas são as ‘pequenas’, aquelas que fazemos um dia após do outro: fazer ou não mais uma visita, dar aquele telefonema, acordar mais cedo para fazer exercício, a atitude com que encaramos o dia a dia no trabalho. A qualidade da sua v

Shangri-la

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Histórias absurdas conseguem prender o leitor justamente por seu distanciamento da realidade como a conhecemos. O incomum, o insólito se constituem como a atração principal quando atentam contra nosso senso de lógica imanente, fazendo-nos sentir ora assombro ora deleite ora uma sensação de suspensão da realidade que nos fazem, mais do quem em outros estilos de escrita, realmente não saber o que virá em seguida. O livro de James Hilton, Horizonte Perdido, partilha desses elementos e desse  modus operandi . O livro começa com o autor dizendo onde conseguiu o material que usou como base para escrever a história. Ficamos sabendo que a história de Shangri-la, a cidade misteriosa dos lamas no Tibete, foi concedida ao narrador por meio de um amigo desse, num dos encontros de ex-colegas de universidade que ele participou. Já aí Hilton começa a colocar em xeque nossa capacidade de discernir até onde vai a realidade e onde começa a ficção. Um avião com quatro passageiros, Miss Roberta Br

Só mais um minuto!!!!!!!

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No limite de suas forças, um homem atentou contra a própria vida com uma arma de fogo. Ouvindo o tiro, o vizinho entrou naquele apartamento, e, ao lado do corpo, encontrou , uma carta assim escrita: "Não deu para suportar. Passei a noite toda como um louco pelas ruas. Fui a pé..., pois não tinha condições de dirigir. Perdi meu emprego por injustiça feita contra mim. Nada mais consegui. Ontem, me telefonaram, avisando-me que minha casinha no campo havia sido incendiada. Estava ameaçado de perder este apartamento, por não ter conseguido pagar as prestações, por falta de condições financeiras... Só me restou um carro, tão desgastado que nada vale. Afastei-me de todos os meus amigos, com vergonha desta humilhante situação, e agora, chegando aqui em casa, não encontrei ninguém... Fui abandonado e levaram até as minhas melhores roupas ! Aquele que me encontrar, faça o que tiver que ser feito, perdão." O vizinho dirigiu - se ao telefone para chamar a polícia, quando esta chegou, v

O Destino de cada um

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Passamos por momentos de plena felicidade em nossa vida. Momentos estes que nos marcam de uma forma surpreendente. Nos transformam, nos comovem, nos ensinam e muitas vezes, nos machucam profundamente. As pessoas que entram em nossa vida, sempre entram por alguma razão, algum propósito. Elas nos encontram ou nós as encontramos meio que sem querer, não há programação da hora em que encontraremos estas pessoas. Assim, tudo o que podemos pensar é que existe um destino, em que cada um encontra aquilo que é importante para si mesmo. Ainda que a pessoa que entrou em nossa vida, aparentemente, não nos ofereça nada, mas ela não entrou por acaso, não está passando por nós apenas por passar. O universo inteiro conspira para que as pessoas se encontrem e resgatem algo com as outras. Discutir o que cada um nos trará, não nos mostrará nada, e ainda nos fará perder tempo demais desperdiçando a oportunidade de conhecer a alma dessas pessoas. Conhecer a alma, significa conhecer o que as pessoas sen

O Tempo e o Vento

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Ponderar a exigüidade da vida cabe nos momentos em que percebemos a beleza e singularidade de determinadas situações. Principalmente analisados os bons encontros, os grandes prazeres, as felicidades temporais que de tão boas extrapolam essa dimensão. Podemos também desejar que o Tempo corra mais se algo nos inquieta ou esperamos com ansiedade por alguma situação, resposta ou alguém. Interessante, quanto mais velho ou diria vivido, mais paciência se tem, será que tem alguma relação com convivência na presença do Tempo.  Tanto passa o Tempo como passa o Vento, ambos não se deixam represar, são soberanos em suas condutas. De ambos, poucos sabemos, só sentimos e quando pensamos neles muitas das vezes já sofremos as suas ações. Quanto mais pensamos mais percebemos é claro, se pensamos no Vento o sentimos, se pensamos no Tempo observamos as suas ações próprias em nós e principalmente observamos nos outros. Quando se é criança sobra mais Tempo para observar o Vento, então víamos o balanço d

Mãe Natureza

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Aprendemos que a Mãe Natureza Criara um viver de mistérios Impregnando o Universo de surpresas Deixando-nos atônitos sem entender, As inexplicáveis belezas. Sentir balanços de brisas acariciando Massagens violentas de bravos ventos Olhar a densa mata tão bela Verde escuro claro, brilhante e fosco Parecendo o lazer de um pintor poeta. O gostoso cheiro de mato, Quando cai a chuva em torrente Em meio aos arbustos, cipós e velhas árvores, Vê-se bandos alegres e coloridos De pássaros ornamentando o universo. A noite quando chega Trocando o azul claro por marinho As estrelas parecendo poder tocá-las Atingindo do alto a lua prateada E assim belezas e fantasias Se confundem num magnífico cenário E assim remoçamos com o brilho do sol. Vamos contando alegrias e esperanças renovadas Numa linguagem poética narrando cenas. Vendo a natureza em tudo imperando. Com sábia e sutil magia Enriquecendo o amor e a poesia.